quinta-feira, abril 28, 2016

GIRO PELO BRASIL: Reale defende impeachment no Senado / Pagamentos de Dívidas Estaduais e o seu impacto / Mendes Júnior é proibida de assinar contratos



Reale defende impeachment no Senado: 'Crime de responsabilidade sem punição é golpe'

Em sua manifestação, ele também argumentou que decisões de caráter econômico, como as pedaladas fiscais, sempre foram tomadas com anuência da presidente Dilma

Por: Laryssa Borges, de Brasília
Comissão especial do Senado ouve os autores do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff
Comissão especial do Senado ouve os autores do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, Janaína Paschoal e Miguel Reale Júnior, em Brasília - 28/04/2016(Jefferson Rudy/Ag. Senado)

Ex-ministro da Justiça, o jurista Michel Reale Jr. atacou nesta quinta-feira o governo federal ao apresentar exposição na Comissão Especial do Impeachment no Senado e disse que o país está hoje diante de uma "ditadura da corrupção" que precisa ser combatida com a retirada da presidente Dilma Rousseff do poder. Ele defendeu haver crime de responsabilidade nos atos da petista ao praticar pedaladas fiscais no Plano Safra e na edição de decretos para a liberação de créditos e declarou que, diante do agravamento do cenário econômico, a presidente Dilma maquiou as contas públicas por meio da edição de decretos para a liberação de créditos. Ele rechaçou mais uma vez a tese de golpe entoada pelas hostes petistas. "Um crime de responsabilidade sem punição é uma forma de golpe", resumiu.


Em sua manifestação aos senadores, Reale Jr. ainda afastou a hipótese de não ter havido dolo nos atos da presidente Dilma. "Dizer que isso não é pedalada? Pode haver o contingenciamento que tivesse havido, pode haver o ajuste fiscal que tivesse havido. Não se pode ver isoladamente 2015. É uma ação continuada que vem de 2013. É o conjunto da obra que elevou a esse processo de recessão. Não vamos esconder o sol com a peneira. Não vamos querer ficar em minudências para ficar querendo escapar pelo meio dos dedos. A grandiosidade do fato não auxilia a denunciada Dilma Rousseff", disse, ironizando o bordão utilizado pelo ex-presidente Lula para propagar supostos feitos de seu governo. "O mantra de que nunca antes na história do Brasil casa perfeitamente com o que aconteceu com as operações de crédito. Nunca antes na história do Brasil houve esse volume de operações de crédito com cheque especial que foram feitos pelo governo", acusou.

O jurista, que é um dos signatários do pedido de impeachment contra a Dilma, começou sua manifestação, permeada por um discurso político, com um desagravo às vítimas do torturador Brilhante Ustra, idolatrado pelo deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) na votação da ação de impedimento na Câmara, e disse que atualmente o Brasil vive uma "ditadura insidiosa da propina e do gosto do poder", que "não vê limites" para permanecer no controle do país. "Faço um desagravo por aqueles que foram vitimados por Ustra e aos que sobreviveram. Fui presidente durante seis anos da Comissão de Mortos e Desaparecidos pelo regime militar. Pelos meus olhos passaram como filme cenas nos porões da ditadura e porões do DOI-Codi. Lamento que esse pedido de impeachment tenha se tornado uma oportunidade de se homenagear um torturador. Esse pedido de impeachment não pode se prestar a isso. Visa à liberdade", disse.

"Há dois tipos de ditadura: a explícita dos fuzis e a insidiosa da propina e insidiosa pelo gosto do poder. É contra essa ditadura pelo gosto do poder, que não vê limites para o uso da irresponsabilidade para a condução da administração pública e que leva ao desastre da economia pública, que devemos lutar", continuou. Em seguida, o jurista saiu em defesa das investigações feitas pela Operação Lava Jato e disse que o processo de impeachment permite que o país saia de dificuldades financeiras e retome a estabilidade da economia.

"Se é importante lutarmos contra a ditadura da corrupção, contra essa ditadura da propina que tem dominado o país com o mensalão e o petrolão, através da Operação Lava Jato, do Ministério Público e da Polícia Federal, podemos mais rapidamente superar esse momento. Se existem meios pelos quais podemos superar essas dificuldades, muito mais difícil é superar as consequências decorrentes da quebra da estabilidade econômica e do equilíbrio fiscal", completou.

Em sua manifestação, Reale também argumentou que decisões de caráter econômico, como as pedaladas fiscais, sempre foram tomadas com anuência da presidente, já que ela própria centralizava as principais diretrizes de seu governo, e relatou a proximidade entre a petista e o então secretário do Tesouro Arno Augustin. "Ninguém sabia onde terminava um e começava outro. No caso das pedaladas, eram matérias que seguiam a orientação daquele que era costumeiramente pessoa de diálogo com a presidente", relatou. "A presidente era considerada também a ministra da Fazenda. Qual o nome do ministro da Fazenda? Dilma. Sua personalidade centralizadora fazia que sempre tomasse para si o processo de decisão. Fatos desta gravidade de orientação direta da economia estão ligados a sua pessoa", disse Miguel Reale Jr.


Em forte tom político, o ex-ministro também acusou o governo de "irresponsabilidade profunda com a coisa pública". "Houve ganância do poder com desprezo a um bem público fundamental. Dizer que é golpe? Isso está previsto na lei 1079 [lei do impeachment]". A professora Janaína Paschoal, que também assina o pedido de impeachment contra Dilma, apresentará ainda hoje suas considerações na Comissão Especial do Impeachment.


ECONOMIA: Pagamento de dívidas dos Estados com juros simples teve impacto de R$ 2,5 bi em abril

Cálculo foi apresentado nesta quinta-feira pelo Tesouro; governo faz as contas agora de qual será impacto em maio e junho depois de o STF adiar a decisão sobre o tema

Otávio Ladeira novo secretário do Tesouro
O secretário do Tesouro, Otavio Ladeira(Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

O secretário do Tesouro, Otávio Ladeira, afirmou nesta quinta-feira que o pagamento das dívidas dos Estados corrigidas por juros simples teve um impacto para a União de 2,5 bilhões de reais em abril. Agora, segundo o secretário, o governo está calculando qual será o impacto em maio e junho, uma vez que o Supremo Tribunal Federal (STF) manteve essa possibilidade de cálculo ao suspender o julgamento das ações por 60 dias.

Segundo Ladeira, isso implica potencial impacto fiscal para os Estados, já que os entes passarão a ter mais recursos disponíveis, podendo aplicá-los para pagar despesas primárias, como salários.

Questionado sobre um possível reajuste do Bolsa Família, ele afirmou que o Orçamento de 2016 prevê espaço para incremento de até 1 bilhão de reais na verba do programa. Mas, segundo Ladeira, o Ministério da Fazenda "entende que o espaço fiscal atual não permite essa ampliação e que, portanto, esse assunto deverá ficar para quando a nova meta for aprovada".

 (Com agência Reuters)

Mendes Júnior é considerada inidônea pela CGU


Com a sanção, a construtora está proibida de celebrar novos contratos com o governo por, pelo menos, dois anos

Complexo Petroquímico do Rio Janeiro (Comperj), em Itaboraí,
Construção do Complexo Petroquímico do Rio Janeiro (Comperj), em Itaboraí, teve participação da Mendes Júnior(Genilson Araújo Silva/VEJA)

A Controladoria-Geral da União (CGU) declarou a construtora Mendes Júnior inidônea para fechar contratos com a administração pública por, pelo menos, dois anos, segundo portaria publicada nesta quinta-feira no Diário Oficial da União. A decisão, assinada pelo ministro Luiz Navarro, conclui o processo administrativo de responsabilização instaurado em virtude da Operação Lava Jato. A decisão marca a primeira penalidade aplicada a uma das empresas envolvidas na investigação.

O processo considerou informações compartilhadas pela Justiça Federal e outras colhidas junto a diversos órgãos, como Ministério Público Federal (MPF), o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e a Petrobras. Além disso, também foram consideradas falas dos colaboradores que firmaram acordo de delação premiada, como Alberto Youssef, Paulo Roberto Costa, Pedro José Barusco Filho e Mario Goes.

Segundo o ministro Luiz Navarro, "essa é uma importante decisão adotada pela CGU, pois cumpre o papel de punir severamente as empresas que lesaram o Estado, tendo em vista que, no caso específico, a Mendes Júnior não reconheceu sua responsabilidade objetiva, não colaborou com as investigações e tampouco buscou ressarcir os cofres públicos pelas vantagens indevidas obtidas".

Crimes - A primeira acusação contra a empresa Mendes Júnior se baseia na prática de "atos lesivos que afetam os objetivos da licitação", caracterizada pelo conluio entre empresas que prestavam serviços à Petrobras.

Segundo a CGU, a Mendes Júnior coordenava suas ações junto às concorrentes para reduzir a competitividade nos processos licitatórios. A construtora combinava previamente com os concorrentes os certames que cada qual deveria vencer e quem faria propostas de cobertura para gerar aparente legitimidade.

Outra acusação se refere ao pagamento de propinas a agentes públicos com a finalidade de garantir a continuidade de ajustes anticompetitivos. Além disso, as propinas permitiam aos representantes da empresa exercer influência indevida sobre os agentes públicos e receber tratamento diferenciado. Ficou ainda comprovada a utilização de empresas de fachada para dissimular pagamentos.
A CGU encaminhará as conclusões ao MPF, ao Tribunal de Contas da União (TCU) e à Advocacia-Geral da União (AGU) para as providências cabíveis.

Defesa - A empresa Mendes Júnior alegou que as provas obtidas durante o processo eram insuficientes. Em relação ao pagamento de propinas, a empresa admitiu que fez as transferências e que as notas fiscais e contratos eram frios. Porém, alegou que foi extorquida e fez os pagamentos sob coação, o que não foi aceito pela comissão processante.
Dificuldades - A Mendes Júnior pediu recuperação judicial em março deste ano. O valor a ser recuperado é de mais de 250 milhões de reais, que corresponde ao montante da dívida, segundo a própria empresa.
Além dos desafios financeiros, alguns de seus principais executivos chegaram a ser presos. Sérgio Cunha Mendes, então vice-presidente, foi condenado em novembro do ano passado a 19 anos e 4 meses por crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminal.

(Da redação)

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